sexta-feira, 26 de março de 2010

See saw




Segundo o Wikipedia: “crítica é uma função de comentário sobre determinado tema, geralmente da esfera artística ou cultural, com o propósito de informar o leitor sob uma perspectiva não só descritiva, mas também de avaliação.”

Já sobre  feedback o mesmo site diz que “é o procedimento que consiste no provimento de informação à uma pessoa sobre o desempenho, conduta, eventualidade ou ação executada por esta, objetivando orientar, reorientar e/ou estimular uma ou mais ações de melhoria, sobre as ações futuras ou executadas anteriormente”.

Receber elogios é sempre bom e todo mundo gosta. Mas e quanto às criticas? Bem, nem todo mundo está aberto a aceitar críticas e acaba entrando em discussões sem razão. Quando comecei a publicar meus textos e torná-los públicos comecei também a me preparar para receber todo tipo de crítica, por que quem escreve sempre acha que o faz muito bem, mas pode ser que a maioria dos leitores não aprove o que lê. Esse é o grande barato do mundo, cada um tem uma opinião diferente sobre a mesma coisa, ainda bem. Não vou dizer que gosto apenas das críticas positivas que recebo, muito pelo contrário, as negativas também me incentivam e me fazem crescer, me fazem pensar se o que estou fazendo é realmente bom. Mas o que é bom de verdade? Depende de quem lê, ou de quem ouve, ou de quem sei lá o que. Depois de muito refletir sobre o que fazer se eu recebesse uma crítica pesada sobre qualquer um dos meu trabalhos, descobri que deveria encarar tudo numa boa, sem stress, como faço com a maioria das coisas. Mas a crítica ou o comentário (tanto positivo quanto negativo) tem que vir baseado em algo que foi lido, algo que a pessoa conheça e que não tenha gostado ou concordado. Todos tem direito a expressar suas opiniões, e quem está na chuva é pra se molhar mesmo, por isso eu encaro numa boa qualquer comentário, desde que seja embasado em algo concreto. Explico melhor: leia o texto, releia, reflita, e quando concluir uma opinião, por favor, venha me falar o que achou. Se gostou, ótimo, se não gostou eu vou adorar saber também, para conhecer pontos de vista diferentes dos meus. Quando quero falar sobre qualquer coisa, procuro primeiro conhecer e formar uma opinião real sobre o assunto, e espero que isso também aconteça com os meus trabalhos. O feedback é muito importante para quem joga seus textos na internet sem saber onde eles estão indo parar e quem os lerá. Infelizmente a gente acaba se decepcionando com quem a gente menos espera, aquelas pessoas próximas e queridas que não nos dão a devida atenção e nem se dão ao trabalho de conhecer para depois falar. Em contrapartida tem aquelas pessoas que nos conhecem pouco ou nada e lêem nossos textos, nossos poemas mais simples e nos elogiam sinceramente, ou nos criticam duramente, faz parte. Adoro quando alguém comenta meus posts, seja um comentário bom ou ruim, mas é bom saber o que o leitor está pensando sobre aquilo que foi escrito, muitas vezes, à duras penas, com muito sacrifício e sentimento. Alguns de meus poemas são extremamente pessoais e as pessoas que os lêem podem não entender a profundidade do sentimento que as palavras carregam, mas como posso saber disso se não houver um retorno do que eu escrevi? Impossível. Por isso, aproveito essa oportunidade para pedir aos meus poucos (ou muitos, não sei...) leitores assíduos, que comentem, se manifestem, falem bem, falem mal, mas me façam saber suas opiniões, para que eu continue exercendo esse ofício maravilhoso de colocar no papel as histórias mais malucas e os poemas mais doces que nascem aqui dentro dessa cabeça oca. Obrigada a todos.

PS1: como última remanescente desse blog, continuarei aqui, firme e forte, mas provavelmente, a cada 15 dias... o tempo é curto para tanto a fazer.

PS2: Cris Linardi acaba de lançar seu novo blog, conheçam, vale a pena: Vilarejo

PS3: o título do post significa gangorra em Inglês, e resolvi usá-lo como uma referência à pessoas “bipolares”, que são 0 agora e daqui a um minuto serão 1. É difícil conviver e mais difícil ainda ter paciência com esses seres que nos tiram do sério e depois dizem que é tudo brincadeira. Não é a toa que fizeram aquela música que diz: “brincadeira tem hora, brincadeira tem hora...”



Imagem: biolirios.wordpress.com/.../

sexta-feira, 12 de março de 2010

Forest

Para ler ouvindo a música Forest, do System of a down:




- Corra Athena! Corra!!!
Essa foi a última coisa que Athena conseguiu ouvir. Ela correu mais rápido do que jamais imaginara poder correr. Defendia sua vida naquela corrida. Tinha que correr, tinha que fazer seu corpo resistir ao cansaço que já ameaçava aparecer. Ela forçava os pulmões para respirar, mas o ar já não vinha. Athena correu sem olhar para trás. E, como num filme de terror, quando ela achou que ia conseguir, caiu. Caiu e perdeu alguns segundos preciosos até conseguir se levantar e voltar a correr. As pernas não obedeciam, gritavam por descanso. A cabeça latejava e os olhos estavam turvos. Falta de ar. Dor. Mas ela olhava sempre à frente e repetia mentalmente aquelas palavras: “Corra Athena! Corra!”. Tinha que resistir, se não fosse por si mesma, mas pelas pessoas que a libertaram. Tinha que conseguir chegar o mais longe possível daquele lugar, e deixar lá toda a dor e todo o sofrimento que vivera. Tinha que correr. Já conseguia ver o sol por entre as árvores, devia estar chegando ao final da floresta. Seus cabelos já estavam cheios de folhas. Seu rosto cortado pelos pequenos galhos das árvores que batiam em sua face com força enquanto tentava correr e desviar deles. Por mais de uma vez enfiou os pés em buracos, tropeçou em raízes expostas, caiu. Sentiu um ardor na palma da mão, e percebeu que havia se machucado numa das quedas, estava com mãos e braços sangrando. Já não sabia mais o que faltava acontecer. Como num sonho, imaginou que flutuava para fora da escuridão da floresta, que não precisava mais forçar pernas e pés a se moverem... Como num sonho... Sentiu de repente uma dor lancinante nos pés, e pensou que deveriam ser espinhos cravados na carne desafiando-a a continuar com aquela corrida. Ela não desanimou, seguiu correndo e lançando o corpo à frente o máximo que podia. Seus ouvidos sofriam com o barulho cortante do vento. Seus olhos agora estavam cheios de lágrimas e ela piscava para tentar afastá-las, mas a cada tentativa elas aumentavam mais e tornavam a sua visão ainda mais difícil. Seus lábios e sua boca estavam secos, ela precisava correr ainda mais rápido para alcançar água e saciar sua sede. Athena pensava já ter corrido tanto e estar tão distante, que parecia ouvir o som de tambores sendo tocados em algum lugar à frente. Ecos dos batimentos frenéticos de seu coração. Nunca pensou que chegaria tão longe. Correu e adentrou ainda mais na floresta lúgubre, tentando fugir da escuridão. Deixou os tambores e seus medos para trás, lá onde a floresta ainda não era escura e não assustava. Se ao menos conseguisse atravessar e chegar do outro lado, onde vira aquela luz.... Imprimiu ainda mais força nas coxas para conduzirem a corrida e esqueceu a dor nos pés - cuidaria deles mais tarde. Cuidaria de si mesma como nunca fizera antes. A luz foi ficando maior e mais nítida: cegava. Fazia doer as retinas e queimava a pele tão acostumada à ausência do sol. Athena correu, faltava pouco. Chegou ao fim. E no fim encontrou algo totalmente inesperado. Se assustou com aquilo e não conseguiu refrear a corrida a tempo. Na obsessão de chegar ao outro lado, não pensou no que poderia encontrar lá. Encontrou um penhasco. Ela tentou parar na beira daquele abismo sem fim, mas as pernas na adrenalina de continuar correndo não obedeceram ao seu comando, e Athena caiu. Se jogou num voo leve e se deixou flutuar sem pensar no fim, sem pensar no que faria quando encontrasse o chão. Perdeu todo o medo, perdeu todo aquele peso que vinha carregando. Athena parou de correr e voou. E era apenas uma criança novamente. Aproveitando a queda livre ouviu nitidamente palavras conhecidas ecoarem em sua mente tomada pela liberdade:
- Bata as asas Athena! Voe!!!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Fã de Carteirinha

Estava assistindo, pela enésima vez, ao filme “O Auto da Compadecida”, e confesso que ainda acho graça nas piadas. E não são só as piadas que chamam a atenção nesse filme, mas, principalmente a atuação dos atores, todos eles dão um show de interpretação: Diogo Vilela, o marido traído que tenta manter a “fama de mau”, mas é o tempo todo passado para trás pela mulher, Denise Fraga; Matheus Nachtergaele está simplesmente perfeito como João Grilo, não há o que comentar; e ainda o padre, o bispo, o coronel vem completar a belíssima performance de Selton Melo. Sou fã do cara, acho que ele é um dos melhores atores de sua geração. Ele encara todo tipo de personagem, desde anjo na novela das 8 até o inesquecível Chicó. Suas falas no filme ficam gravadas na memória da gente, e quando percebemos estamos repetindo: “... não sei, só sei que foi assim...”. Em meio à suas confusões, Chicó se mostra uma pessoa boa e muito amiga do companheiro de sempre, João Grilo. Tanto que, quando João morre e Chicó fica com o dinheiro herdado em um dos muitos golpes aplicados pela dupla, ele promete doar toda a quantia para Nossa Senhora se o amigo sobrevivesse. Claramente foi uma promessa feita a fim de não ser cumprida, já que o amigo não poderia ressuscitar e ele acabaria ficando com o dinheiro. Mas eis que o impossível acontece e João volta dos mortos instantes antes de ser enterrado pelo próprio Chicó numa vala aberta em meio ao sertão, e ele tem realmente que fazer a doação para a igreja, ficando pobre novamente. Nesse trecho do filme surge mais um bordão inesquecível: “ah! promessa safada, ah! promessa sem jeito!”. Quem estava vivendo em marte nos últimos anos e ainda não viu o filme vai ficar bravo comigo, mas devo contar que no final tudo acaba bem com os dois amigos e eles continuam juntos, mesmo com o casamento de Chicó com D. Rosinha, que rende muito boas risadas. Lembrando que o filme foi adaptado da obra homônima do escritor Ariano Suassuna e que já tinha sido filmada, porém com menos sucesso que a versão mais recente.
Ainda sobre Selton, quero ressaltar sua interpretação no filme “Meu nome não é Jhonny”. Ele encarna com maestria um personagem real, cheio de problemas com drogas (assunto difícil de ser tratado e também muito atual) e que é levado por um caminho sem volta, apesar de ser de uma família de classe média, porém desestabilizada. Interpretação digna de um Oscar, na minha humilde opinião. Inclusive nesse filme ele teve a opinião do verdadeiro Jhonny para a criação do personagem, e foi muito elogiado por sua atuação. Mas eu sou suspeita para falar qualquer coisa, porque sou fã dele e acabo gostando de tudo o que ele faz. Ainda entre os muitos trabalhos de Selton no cinema temos o filme “Jean Charles”, que conta a história do brasileiro morto por engano numa estação de metrô inglesa, e “O Cheiro do Ralo". Outro bom filme dele é “Mulher Invisível”, junto com Luana Piovani: ele namora uma mulher perfeita, mas que mais ninguém consegue ver. O amigo tenta convencê-lo de que a mulher não existe, mas ele não acredita e passa a viver cada vez mais para o amor dessa mulher, que faz tudo para agradá-lo. O filme é muito engraçado e com um final surpreendente (não vou contar esse). Selton também fez “Lisbela e o Prisioneiro”, uma comédia com um toque de romantismo, mas que eu não gosto muito. Assisti umas duas vezes, a atuação dele é muito boa, mas para mim, o melhor do filme é a música de Caetano Veloso “Você não me ensinou a te esquecer”, que tocou muito em todas as rádios por causa do sucesso do filme. Já no teatro destaques para a peça “O Zelador”, que, inclusive, eu assisti, e onde passei por um dos momentos mais loucos da minha vida. Explico: eu e meu cunhado estávamos sentados na escada do teatro esperando a peça começar, nós tínhamos chegado um pouco cedo para conseguir um bom lugar, e quando a gente menos espera não é que aparece o próprio Selton com alguns amigos, e ficam bem na nossa frente fazendo um tipo de brincadeira ou sei lá o que, sendo filmados por um deles. Eu, que sempre me perguntei o que faria se encontrasse alguém famoso de quem eu gosto muito, tive a resposta nessa noite: não fiz nada! Não consegui me mexer, fiquei a li sentada, frente a frente com o Selton, e mal consegui abrir a boca para falar para o meu cunhado: “olha ele ali!”. No fim das contas, foi engraçado. Eles voltaram para dentro do teatro e a gente saiu do nosso estado de letargia só para dizer: “- Não acredito que ele estava aqui e a gente não fez nada!”. A peça é muito boa, com Selton interpretando Mick, que é irmão de Aston e não concorda com a mania dele de levar tudo que encontra pela rua para dentro de casa, até que um dia Aston encontra um velho garçom num bar e o convida para morar com eles. A partir daí, Aston tenta fazer com que o velho se torne o zelador do edifício, contra a vontade do irmão, Mick. Nessa peça Selton faz sua estréia como produtor teatral. Mas a verdade é que fiquei o tempo todo pensando na chance que eu perdi de falar um oizinho tímido para ele, ou ser mais ousada e pedir um autógrafo, ou uma foto... Depois disso passei a entender melhor o que é chorar sobre o leite derramado. Selton também fez muitos trabalhos para a televisão, entre eles a sitcom “Os Aspones”, que está entre os melhores programas da Rede Globo, novamente, na minha opinião. Muito engraçado e com sacadas ótimas sobre o dia-a-dia de uma repartição pública onde ninguém faz nada. Também na Globo participou de “Os Maias”, “A Próxima Vítima”, “Tropicaliente”, “Você Decide”, e da última temporada de “Os Normais”, e muito mais. Destaque para sua atuação na novela “A Indomada”, como Emanuel Faruk, que, segundo o próprio Selton foi um divisor de águas em sua carreira. Enfim, ele manda bem em tudo: é ator, diretor, produtor, apresentador e dublador. Para quem não se lembra, ele fez a voz de Ralph Machio em “Karatê Kid 2 e 3”, além de dublar Kenai em “Irmão Urso”, da Disney. No entanto, a melhor dublagem dele foi em “A Nova Onda do Imperador”, desenho, também da Disney, em que ele dubla o personagem Kuzko, um imperador cheio de vontades que tem que se arriscar a atravessar uma floresta perigosa para recuperar seu reino, porém, como uma lhama. Isso mesmo, ele é transformado em lhama pela maligna Yzma, a conselheira do imperador que é mais feia que briga de foice, e seu ajudante atrapalhado, Kronk. O filme é muito engraçado e eu recomendo para quem ainda não viu. Selton também apresenta o programa “Tarja Preta” no Canal Brasil, onde ele entrevista profissionais do cinema e pessoas ligadas à cultura em geral.
Todo esse papo só para expressar minha admiração por Selton Melo e por todo o seu trabalho, inclusive, como diretor de vídeo clipe. Ele dirigiu três vídeos do Ira!, entre eles “Eu vou tentar”, que é o máximo, e um da cantora Ana Cañas. Ele também se arriscou como apresentador do prêmio VMB, da MTV, em 2004 e 2005, tendo concorrido nesse ano ao prêmio de melhor diretor pelo vídeo do Ira!, citado anteriormente. Ele perdeu o prêmio mas não perdeu a pose na hora de anunciar o vencedor, como sempre, com muito bom humor e profissionalismo.
Se você também é fã do Selton, acompanhe o blog oficial dele, recheado de informações da carreira desse super ator.


PS: no Blog da Cris tem um post muito interessante sobre a presença feminina na vida dos homens, sem ser muito feminista, vale a pena conferir.